Vamos discutir a seguir a definição de câncer, saber a origem da palavra e como ele surge, tentando explicar com uma linguagem simples onde o principal objetivo é ter uma noção básica sobre esta doença muito prevalente e que acomete milhares de pessoas. Além disso, falaremos um pouco sobre seu diagnóstico e os tratamentos mais importantes.
Câncer é o nome dado a uma transformação maligna de uma célula normal para uma célula com material genético modificado. O comportamento desordenado e anormal desta nova célula é o que confere a ela este nome.
O nome câncer tem origem grega, na palavra Karkinos que significa caranguejo. Segundo os relatos históricos, observadores gregos assemelharam o tumor com seus vasos sanguíneos exuberantes as patas de um caranguejo e passaram a chama-lo desta maneira. A mesma palavra foi traduzida do latim como câncer a qual utilizamos no dia de hoje.
Nossas células estão em constante reprodução, desde o nosso nascimento até nossa morte. Nosso material genético se replica, principalmente, para renovar nossas células e manter o funcionamento do nosso corpo. Em algumas fases desta replicação pode ocorrer o que chamamos de “erro genético”, tecnicamente chamado de mutação.
Quanto mais nossas células se replicam, maior a chance de ter uma mutação. Por este motivo pessoas idosas têm maior propensão ao câncer, uma vez que seu material genético já foi replicado muitas vezes se comparado as pessoas mais novas.
Este erro pode ser reparado por meio de mecanismos de defesa internos, entretanto, quando temos alguma deficiência de defesa ou quando não conseguimos alterar este erro, pode se desenvolver uma “célula maligna” que seria basicamente esta nova célula carregando uma alteração genética. Podemos dizer que esta é a origem do câncer.
A partir da mutação a célula perde a sua “harmonia”. Ela começa a se replicar infinitamente e crescer desgovernadamente no local onde nasceu, podendo invadir outras células normais que estão próximas e também se espalhar para outros órgãos.
A célula cancerosa tem um comportamento totalmente diferente das nossas células normais, ela demanda mais energia e se replica muito mais rápido. Assim, com o crescimento destas células no local onde tudo começou, forma-se o que chamamos de tumor maligno.
A célula cancerosa se multiplica infinitamente e de uma maneira muito mais rápida que nossas células normais. Múltiplas células malignas são formadas e isso demanda muita energia e nutrientes do nosso corpo. Por isso é muito comum pessoas com câncer emagrecerem rapidamente. O crescimento desgovernado faz com que as células praticamente dominem nosso corpo, elas se espalham e crescem em outros locais levando o indivíduo aos mais diversos sintomas possíveis.
Nossa maior missão sempre é tentar vencer essa guerra contra as células malignas, e várias coisas vão influenciar o tratamento da doença, principalmente o seu estadiamento. Quanto mais inicial for descoberto maiores as nossas chances. Portanto é muito importante sempre procurarmos um médico quando algum sintoma ou sinal diferente é percebido. Assim como também devemos realizar as medidas de prevenção para diminuir as chances de termos um câncer no futuro.
Praticamente 80% dos casos de câncer acontecem de maneira esporádica, isso quer dizer que ocorreu uma mutação genética na célula devido a um erro que não foi reparado e ela se tornou maligna, dando origem a um câncer. Este tipo de ocorrência esporádica é mais comum na medida que as pessoas envelhecem.
Em cerca de 20% dos casos, a origem do câncer pode ter algum gene herdado de família que causará uma predisposição a desenvolver células malignas. Nestes casos podemos chamar de câncer hereditário e geralmente ocorrem em idade mais nova. Por exemplo, a mutação do gene p53 fazendo com que ele não atue é um fator de risco para desenvolver vários tipos de câncer. Pessoas que possuem esta alteração genética podem ter herdado de outros familiares de primeiro grau e também podem transmitir este mesmo material genético aos seus filhos. Portadores de mutação do gene p53 possuem uma síndrome chamada Li Fraumeni que está relacionada ao desenvolvimento de câncer em idade adulto-jovem.
O gene p53 é uma das nossas armas genéticas que nos protege de mutações. Ele é chamado de gene supressor tumoral, ou seja, ele é responsável por identificar células que sofreram mutações durante sua replicação e reparar este erro, levando aquela célula a morte e evitando o seu desenvolvimento. Logo, quando temos a inativação deste gene existirá uma chance maior de que mutações não sejam reparadas e surjam assim células malignas que se tornaram um câncer.
Nossas células possuem um tempo de vida programado e de tempos em tempos, a depender do tipo celular, e a partir do seu material genético, elas criam novas réplicas para continuar o funcionamento do nosso corpo. Este processo chamamos de replicação celular e ele acontece principalmente a partir do nosso material genético. Nosso gene tem a capacidade de criar cópias através do DNA celular. Este processo acontece a todo momento e durante toda nossa vida.
A replicação genética pode sofrer alterações, mudando a sua essência e se tornando diferente da célula normal. A essas alterações damos o nome de mutação, as quais muitas vezes vão culminar no desenvolvimento de uma célula maligna. Entretanto, nem sempre que ocorrer um erro genético esta célula vai virar um câncer. Nosso corpo tem muitas formas de combater esses erros, são os chamados genes de reparo, os quais identificam o erro e induzem esta célula a morte. Um exemplo de gene de reparo é o gene p53 o qual descrevemos acima.
Mesmo com nossos genes de reparo, podemos ter “falhas” tanto por déficit de genes de reparo, quanto por aumento de mutações o suficiente para que alguma não consiga ser “eliminada” e se desenvolva, o que pode levar ao desenvolvimento do câncer.
Sabemos que a exposição a fatores de risco pode aumentar as mutações. Por exemplo, o cigarro contém milhares de substâncias que são cancerígenas. A exposição a radiação é fator de risco para mutações. Infecções bacterianas e virais como o H pylori e vírus HPV também são fatores de risco para desenvolver o câncer.
Portanto, devemos diminuir a exposição aos fatores de risco conhecidos para diminuir a chance de desenvolver um câncer no futuro.
O câncer é uma doença global, incidente em todos os povos no mundo. Mas existem particularidades de cada continente e peculiaridades inclusive quando separamos por região. Por exemplo, no Japão o câncer gástrico é muito mais prevalente do que nos países do ocidente. Outro exemplo que podemos citar é que na região Norte e Nordeste do Brasil o câncer do colo do útero é muito mais prevalente que nas outras regiões.
Segundo o INCA (Instituto nacional do câncer) existe uma estimativa de que no Brasil são esperados cerca de 704 mil casos novos de câncer por ano, no triênio 2023 a 2025.
Estima-se que a cada 5 pessoas, uma pode ter câncer durante a vida. Assim, é alta a possibilidade de termos que encarar esta doença em algum momento da vida, portanto sempre devemos criar medidas para prevenção e diagnostico precoce, o que reduz a mortalidade da doença e atinge um maior número de cura.
No Brasil o câncer mais comum é o de pele não melanoma com cerca de 31,3% dos casos (cerca de 220 mil casos por ano), representando quase um terço dos casos. Devido a esta alta prevalência, é comum desconsiderarmos seus números quando fazemos as estatísticas dos demais tipos de câncer.
Veja abaixo os tipos de câncer mais frequentes esperados para 2023 no Brasil, separados por sexo, excluindo o câncer de pele não melanoma:
Fonte: INCA https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros/estimativa/estado-capital/brasil
Cada tipo de câncer possui suas próprias características, e o seu comportamento vai depender de como ele se expressa. Algumas destas características são:
Portanto, devido as muitas características que cada tipo de câncer possui dizemos que nem sempre o seu comportamento será o mesmo comparado a outras pessoas. Podemos dizer que cada câncer é único. Apesar da sua história natural ser: crescer no local onde começou, invadir as estruturas vizinhas e se espalhar, esse comportamento depende de muitas características as quais comentamos acima. Cada caso tem que ser avaliado individualmente para projetarmos um tratamento individualizado e também conversar sobre o que podemos esperar (prognóstico) e riscos da doença.
A história clínica de como iniciou os sintomas e o que o paciente está sentindo é muito importante para desconfiar que podemos estar diante de um câncer. Os sintomas vão depender muito da localização da lesão e também de qual estágio está a doença. Um médico experiente e treinado pode muitas vezes facilmente desconfiar da existência de uma lesão maligna e solicitar alguns exames direcionados para confirmar esta hipótese.
Segue abaixo alguns dos principais sinais e sintomas de alerta para pensarmos que podemos estar diante de um câncer:
Após a suspeita, devemos solicitar alguns exames de imagem que podem nos dar mais informações sobre a localização e também detalhes de até onde vai a doença (o que tecnicamente chamamos de estadiamento clínico). Alguns exames que podem ser solicitados e que são mais comuns seriam:
Além disso, um dos principais exames que podemos pedir já nesta fase ou na fase seguinte é a biópsia da lesão. Sem uma biópsia não podemos afirmar com 100% de certeza que é uma lesão maligna. Na maioria das vezes ela será necessária para indicar algum tratamento. Porém também existem exceções, como ocorre em alguns casos de câncer de pâncreas onde as vezes é difícil de realizar biópsias; ou até mesmo em lesões de pele que são suspeitas e que em vez de realizar biopsia partimos para a sua retirada com margens de segurança.
Basicamente existem 3 formas tradicionais de se tratar um câncer: cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Dentro da quimioterapia podemos desmembrar em outros tratamentos que são:
A cirurgia é um dos pilares do tratamento e praticamente 80% dos pacientes oncológicos vão necessitar de algum tratamento cirúrgico em algum momento. O cirurgião oncológico é um dos médicos que cuida de pacientes com câncer e tem papel fundamental na cirurgia quando ela é indicada. Ele também é capaz de conduzir a investigação inicial e direcionar o paciente para o melhor tratamento. Sempre procure um médico que tenha formação e experiência para conduzir o seu caso
Dr Hugo Habdala Hammoud é cirurgião oncológico, atende no Vale do Paraíba, nas cidades de São José dos Campos e Taubaté, e realiza também consultas online.
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